O Rev. Emilio Garofalo Neto é um craque, se não de bola, ao menos da escrita. Diz-se que um bom escritor é aquele capaz de nos fazer enxergar o que sempre esteve diante de nossos olhos, mas, ainda assim, passava despercebido. É o que faz Emílio neste livro breve, mas precioso. Em primeiro lugar, porque leva a sério a ideia de que devemos enxergar o mundo à luz da cosmovisão cristã. Nos dois artigos que compõem este volume, as lentes da perspectiva bíblica de criação, queda e redenção nos ajudam a compreender a grandeza criacional de um evento esportivo como a copa do mundo, a ver como a miséria do pecado a tudo corrompe – a tudo mesmo, até as nossas melhores criações –, mas também nos dão um vislumbre do dia glorioso em que todos os povos, raças e línguas estarão reunidos, não numa celebração efêmera, com a duração de apenas um mês, mas naquela que durará toda a eternidade. Em segundo lugar, porque mostra que é perfeitamente possível deleitar-nos no Senhor ao desfrutar das coisas criadas e que podemos anelar o dia em que herdaremos um corpo glorioso. A excelência física, a criatividade treinada (e também improvisada), o talento, enfim, são evidências da imagem de Deus em nós, imagem cujo potencial pode ser desenvolvido mediante estudo e treinamento. Em terceiro lugar, porque Emilio não se furta a incluir comentários autobiográficos no texto, o que possibilita ao leitor uma experiência de diálogo e identificação com o autor. Rimos com ele, quando fala de sua lerdeza ou de sua falta de impulsão para jogar como zagueiro; lembramos de amigos e conversas marcantes que tivemos quando o lemos citar seus próprios amigos e conversas; emocionamo-nos quando ele menciona a ausência de seu pai, com quem assistiu a tantos jogos. Enfim, o livro fala à nossa mente e também ao coração, como um papo entre amigos íntimos. Ao final, concluímos a leitura num arroubo de entusiasmo similar ao de Galvão Bueno ao ver o gol de Ronaldinho Gaúcho contra a Venezuela, na Copa América de 1999: Olha o que ele fez! Olha o que ele fez!
