A Tragédia de Atenas

Nesta obra póstuma, publicação prevista por Nicole Loraux (2003) – em um lugar de “A Tragédia da Pólis”, título que considerou durante algum tempo, decidiu-se por A tragédia de Atenas -, a historiadora interroga-se sobre as representações que a cidade grega quer oferecer de si mesma. Particularmente, e analisa os discursos vinculados à desconcertante questão da guerra civil.

Sublinhando a importância do bom uso da psicanálise na historia, a autora almeja que os historiadores – amadurecidos pela experiência do tempo imediatamente presente, confrontados com o fracasso evidente dos filtros explicativos unidimensionais em face das guerras civis a incendiar tantos lugares e convencidos da origem necessidade de dar a devida atenção aos afetos na história – aceitem trabalhar simultaneamente em dois registros. Quem, se renunciar a permanecer nos bastidores da ação, saibam escutar os discursos dos autores em cena.

Um desafio sem dúvida difícil, pois certamente não basta somar as duas lógicas, mais convencer-se de que, sendo a causalidade histórica feita de sobredeterminação , é preciso renunciar de uma vez por todas à busca da “verdadeira causa” para trabalhar as modalidades de articulação entre os problemas supostamente reais e aqueles que, afinal de contas, são reais.